O que muda com o Mover e o IPI zero nos carros sustentáveis
O governo federal colocou em prática o programa Mobilidade Verde e Inovação, o Mover, que criou a categoria de carro Sustentável e garantiu IPI zero para modelos compactos, eficientes e fabricados integralmente no Brasil, com validade até dezembro de 2026. A diretriz busca incentivar investimentos, acelerar a inovação e empurrar a indústria rumo a veículos mais limpos e seguros, usando a isenção do IPI como contrapartida para quem cumpre metas ambientais e de nacionalização.
Apesar do apelo do IPI zero, a própria dinâmica do mercado indica que essa medida, isoladamente, não derruba os preços de forma drástica. Em um país onde tributos, custos produtivos e financiamento têm grande peso, a isenção do IPI funciona como alívio pontual, porém cercado por outras pressões que continuam no jogo.
Carga tributária: o que a ANFAVEA mostra
O preço de um carro novo no Brasil é fortemente impactado por impostos de diferentes esferas. Como resumem pesquisas da indústria, “a carga tributária total pode representar entre 30% e 48% do preço final de um carro nacional zero-quilômetro”. Nessa conta, o IPI zero é importante, mas não é o único determinante. O ICMS, por exemplo, é estadual e pode ir de 13,3% a 18% sobre o valor da nota fiscal, frequentemente sendo o tributo mais pesado. Já PIS e COFINS somam uma parcela relevante do custo e permanecem incidindo normalmente.
Antes do Mover, a alíquota mínima do IPI para compactos já era baixa, e o programa a eliminou para os carros sustentáveis elegíveis. Como a fonte lembra, “Enquanto a alíquota mínima anterior do IPI para a categoria de veículos compactos era de 5,27%”, sua remoção traz alívio, embora limitado diante do total de tributos e encargos.
Tabela, panorama tributário por tipo de encargo
| Tributo/Política | Como incide | Faixa/Observação |
|---|---|---|
| IPI zero | Federal, isenção para Carro Sustentável do Mover | Antes, mínimo de 5,27% para compactos, agora 0% para elegíveis |
| ICMS | Estadual, sobre a circulação de mercadorias | 13,3% a 18%, varia conforme o estado e a operação |
| PIS e COFINS | Federais, sobre receita | Parcela considerável do custo, alíquotas mantidas |
| Outros custos | Não tributários | Matérias-primas, logística, câmbio, margens |
Observação: faixas indicativas, a incidência varia por estado, produto e condições comerciais.
Juros, custos e câmbio diluem o desconto do IPI zero
Mesmo com o IPI zero, a formação do preço final segue afetada por itens que nada têm a ver com a alíquota do IPI. A cadeia de produção convive com custo de matéria-prima, frete, política cambial e margens de montadoras e concessionárias, variáveis que podem absorver parte do alívio tributário. No consumo, o crédito encarece o carro na ponta, com financiamento mais restritivo.
O efeito disso foi sintetizado pela referência citada na fonte: “pelas elevadas taxas de juros de financiamento, citadas por entidades como a CUT (Central Única dos Trabalhadores) como o grande entrave para o aumento do consumo”. Com juros altos, o desconto pontual do IPI zero tende a perder força na parcela do financiamento, que é o que cabe no bolso no fim do mês.
Para dimensionar o alcance da medida, vale lembrar o que a própria fonte destaca sobre a base de comparação: “Enquanto a alíquota mínima anterior do IPI para a categoria de veículos compactos era de 5,27%”. Eliminar esse percentual ajuda, porém não desmonta uma carga que, somada, chega a dezenas de pontos percentuais sobre o preço final.
Gráfico ilustrativo, impacto relativo no preço
“Carga tributária total”: 30% a 48%
Visualização aproximada: 30% ■■■■■■■■ 48% ■■■■■■■■■■■■■■
“IPI em compactos”: antes 5,27% ■■■■, agora 0% □
Representação meramente ilustrativa, não proporcional em escala fina.
Sustentabilidade no centro do Mover, não o preço
O objetivo central do Mover não é promover um desconto generalizado, e sim acelerar a inovação e a sustentabilidade. Para receber IPI zero, o veículo precisa cumprir quatro exigências, que vão muito além do preço: emissões de CO₂ abaixo de 83 g/km, mais de 80% de materiais recicláveis, produção integral no Brasil e enquadramento na categoria de compacto. Além disso, o decreto adota a lógica de redistribuição, a chamada soma zero, penalizando modelos menos eficientes e beneficiando os que entregam Desempenho ambiental superior.
Segundo a avaliação citada na fonte, “Segundo analistas, a redução do preço deve beneficiar cerca de 60% dos modelos vendidos”, o que indica um alcance relevante. Ainda assim, a manutenção de ICMS, PIS e COFINS, somada aos juros elevados, limita o ganho percebido pelo consumidor nas lojas.
Em síntese, o IPI zero é um instrumento poderoso de política industrial, ajuda a dar direção à indústria e premia quem descarboniza, mas, sozinho, não derruba a estrutura de custos que mantém os carros caros no Brasil. A discussão sobre preço acessível precisa contemplar também o peso do ICMS, das contribuições federais e do crédito.
E você, leitor, além do IPI zero, qual imposto deveria ser reduzido para o carro realmente caber no orçamento, ICMS ou PIS/COFINS? Participe nos comentários.
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