O peso do carro no bolso — e o destino do 13º salário
13º salário e o carro passaram a andar juntos no planejamento de fim de ano de muitos brasileiros: levantamento do Sem Parar aponta que 29% dos entrevistados planejam usar a primeira parcela do abono para pagar IPVA, licenciamento e multas. A constatação importa porque explica como despesas obrigatórias impactam decisões financeiras familiares e definem prioridades logo no começo do ano.
- O peso do carro no bolso — e o destino do 13º salário
- Contexto da pesquisa e o que os números dizem
- Por que essa priorização importa para você?
- Como planejar o 13º salário para as contas do carro
- Parcelamento: estratégia comum, mas nem sempre ideal
- Alternativas e recomendações práticas
- Impactos econômicos e comportamento do mercado
- Checklist rápido para usar o 13º com inteligência
- Perguntas Frequentes (FAQ)
Com gastos recorrentes como Combustível, manutenção e seguro consumindo parcela relevante da renda, motoristas recorrem ao parcelamento e a reservas do 13º para driblar picos de despesa — um cenário que exige estratégia para não comprometer a saúde financeira ao longo de 12 meses.
Contexto da pesquisa e o que os números dizem
O levantamento, feito entre 17 e 21 de novembro com cerca de 450 clientes, mostra tendências claras de comportamento:
- 29% usarão a primeira parcela do 13º para débitos veiculares;
- 32% reservam parte do 13º todo ano para essas despesas;
- 37% afirmam que custos com o carro consomem entre 10% e 20% da renda familiar;
- 57% se organizam previamente para custos recorrentes do veículo;
- 65% disseram ter parcelado ao menos uma despesa automotiva durante o ano — com revisões e manutenções dominando os parcelamentos (56%) e débitos veiculares representando 20%.
Esses números mostram que, além de prioridade, o carro é um componente previsível e volátil do orçamento — previsível porque tem datas e obrigações (IPVA, licenciamento), volátil por conta de itens como combustível e consertos inesperados.
Por que essa priorização importa para você?
Pagamento de IPVA e licenciamento atrasados gera multas, apreensão e complicações para vender ou licenciar o veículo. Por isso, muitos motoristas preferem usar o 13º salário como “colchão” para honrar essas obrigações e começar o ano com o carro regularizado.
Além disso, o comportamento reflete os efeitos da inflação sobre peças, mão de obra e combustíveis, e da taxa de juros no custo do parcelamento. A dúvida que fica: parcelar vale mais a pena do que renegociar para pagar à vista?
Como planejar o 13º salário para as contas do carro
Organização e priorização são essenciais. Abaixo, um passo a passo prático:
- Mapeie todas as despesas veiculares: IPVA, licenciamento, seguro, revisões, pneus, combustível, multas e eventual financiamento.
- Calcule o impacto na renda: identifique quanto (%) do salário é consumido pelo carro; a pesquisa aponta 10–20% em 37% dos casos.
- Defina prioridades: primeiro, obrigações legais (IPVA/licenciamento); depois, seguro e manutenção preventiva.
- Avalie parcelamento com cuidado: compare juros e parcelas mensais antes de optar.
- Reserve uma parte do 13º: se possível, destine um percentual (ex.: 30–50%) para débitos obrigatórios e outra parte para imprevistos.
Quer um exemplo prático? Se o IPVA mais licenciamento somam R$ 2.400 e você recebe R$ 4.000 de 13º, destinar R$ 2.000 (50%) quita boa parte e ainda sobra para reabastecer o fundo de emergência do carro.
Parcelamento: estratégia comum, mas nem sempre ideal
A pesquisa indica que o parcelamento é usado por 65% dos motoristas. Entenda vantagens e riscos:
- Vantagens: dilui gastos, evita apertos no caixa, mantém o veículo regularizado sem comprometer todo o 13º.
- Desvantagens: juros e encargos podem elevar o custo total; várias parcelas somadas corroem a renda mensal futura.
Veja uma comparação simples para decidir:
| Despesa | Valor à vista | Parcelamento (6x, 2% a.m.) | Custo total (parcelado) |
|---|---|---|---|
| IPVA + licenciamento | R$ 2.400,00 | 6x de R$ 434,97 | R$ 2.609,82 |
| Revisão completa | R$ 1.200,00 | 6x de R$ 217,49 | R$ 1.304,94 |
Mini-análise: mesmo com juros moderados, o parcelamento pode somar centenas de reais ao custo final. Portanto, se o 13º permite quitar ao menos parte das despesas obrigatórias, essa é geralmente a opção mais econômica.
Alternativas e recomendações práticas
Além de usar o 13º, outras medidas ajudam a reduzir o impacto das despesas do carro:
- Antecipe planos de manutenção no segundo semestre para evitar surpresas no início do ano;
- Negocie descontos para pagamento à vista em oficinas e lojas de peças;
- Considere seguros com franquias ajustáveis para reduzir o prêmio anual, se o histórico de sinistros permitir;
- Crie um fundo de emergência automotivo alimentado com pequenas contribuições mensais;
- Avalie formas de renda extra temporária no fim de ano para aumentar o montante disponível no 13º.
O desafio é equilibrar custos imediatos e fluxo mensal. Pagar IPVA à vista evita juros, mas reduzir o orçamento do mês de janeiro pode apertar demais outras contas.
Impactos econômicos e comportamento do mercado
Quando uma parcela grande de motoristas prioriza impostos e licenciamento, há efeitos colaterais no mercado automotivo: aumento da procura por parcelamentos, maior movimento em oficinas e centros de vistoria no início do ano, e pressão sobre políticas de crédito para veículos. Fabricantes e serviços automotivos também monitoram essa sazonalidade para promoções e pacotes de manutenção.
Observação metodológica: a amostra do Sem Parar (≈450 clientes) fornece indicação clara de tendência entre usuários do serviço, mas não substitui pesquisas maiores para generalizações absolutas entre todos os motoristas brasileiros.
Checklist rápido para usar o 13º com inteligência
- Liste débitos obrigatórios e seus vencimentos;
- Priorize IPVA e licenciamento se houver risco de multa ou apreensão;
- Prefira pagar à vista quando o desconto superar o custo do parcelamento;
- Mantenha ao menos 20% do 13º como reserva para imprevistos;
- Avalie seguro e manutenção preventiva como investimentos que evitam custos maiores depois.
Perguntas retóricas: você já calculou quanto o carro consome do seu salário? E quanto do seu 13º vai para manter o veículo em ordem?
Perguntas Frequentes (FAQ)
1. Posso usar todo o 13º para pagar IPVA e licenciamento?
Sim, pode — mas é recomendável reservar uma parte para imprevistos. Quitar débitos obrigatórios evita multas e problemas legais, mas deixar o orçamento de emergência zerado aumenta o risco no ano seguinte.
2. Parcelar IPVA vale a pena?
Depende dos juros. Se o parcelamento tiver taxa baixa e não comprometer muito a renda mensal, pode ser uma alternativa. Se você tem condição de pagar à vista com desconto, essa costuma ser a opção mais econômica.
3. Como reduzir os custos fixos do carro?
Práticas como manutenção preventiva, direção econômica, pesquisa de preços de seguro e revisão de hábitos (uso de apps de carona, por exemplo) ajudam a reduzir custos ao longo do ano.
4. O seguro influencia no planejamento do 13º?
Sim. Prêmios de seguro podem ser altos e costumam ser pagos à vista ou parcelados no começo do ano. Inclua o seguro no seu mapeamento de despesas antes de decidir destinar o 13º para outras obrigações.
5. O que fazer se não recebi o 13º até o fim do ano?
Nesse caso, renegocie prazos com órgãos e prestadores, priorize o pagamento de obrigações legais e busque alternativas temporárias (parcelamento, acordo) para evitar penalidades.
Conclusão: usar o 13º para quitar IPVA e licenciamento é uma tática adotada por parcela significativa dos motoristas. A decisão correta depende do equilíbrio entre evitar juros e manter uma reserva para imprevistos — planejamento e análise cuidadosa do custo do parcelamento são essenciais para começar o ano com o carro em dia e o orçamento sob controle.






